Microfone Shure MV7: DICAS e TRUQUES!

Você está pensando em comprar um Microfone Shure MV7 ou já tem um e quer tirar o melhor som possível dele?

Neste artigo eu resumo tudo o que você precisa fazer para obter um som incrível com ele, mas já te adianto: esqueça que ele possui uma porta USB.

Antes de vir para Portugal, eu tive que vender meu microfone predileto, um Sennheiser ME64. Foi ainda no Brasil, pra ajudar nos custos da viagem pra cá e me restou na mala apenas um microfone Shure SM57 e um Arcano A58 modificado, porque eu troquei a cápsula por uma melhor, mas mesmo assim ainda é bastente ruidoso.

Meus Microfones: Sennheiser ME64 K6P (a esquerda), Shure SM57 (ao centro) e Arcano A58 (a direita)

E por sorte (ou azar), já no segundo mês em que eu estava aqui Portugal surgiu um oportunidade para eu fazer um voice-over remoto.

Eu tentei com o microfone Shure SM57 primeiro, mas ele apesar de ter um som bem limpo, não consegue capturar muito o grave da voz e o grave da voz é algo muito importante para Voice-over e dublagem.

Então fui testar o Arcano A58 modificado. Ele é bastante ruidoso, mas pelo menos conseguia capturar um pouco de grave na minha voz.

Gravei com ele, removi o máximo de ruído que consegui na hora de editar e depois passei horas pra conseguir equalizar da melhor maneira possível para então enviar ao estúdio.

Uma semana depois eles me respondem:

“Olha, o cliente achou que o audio da sua gravação está muito ruim. E ele queria saber se você consegue alugar uma hora num estúdio aí pra você conseguir gravar com qualidade.”

Não seria possível, porque eu teria que arcar com os custos do aluguel do estúdio e basicamente eu gastaria todo o cachê no aluguel, não faria sentido.

E neste momento peguei todas as economias que ainda tinha para comprar um microfone que pudesse ter uma ótima qualidade de gravação e um custo não tão alto.

E naquele momento minhas pesquisas me levaram ao Microfone Shure MV7.

Microfone Shure MV7 com saída Analógica (XLR) e Digital (USB)

Fiz a compra e então respondi o e-mail do estúdio dizendo:

“Estou pra receber um microfone melhor amanhã. Assim que ele chegar gravo nele uma nova versão e lhe envio, ok?”

E o estúdio aceitou.

Assim que o Shure MV7 chegou, fui ansiosamente testar o microfone gravando com ele plugado diretmente pela porta USB e utilizando o Aplicativo da Shure para modificar os parâmetros.

E no primeiro teste… eu achei o som do Shure MV7 pior que o som do meu Arcano A58 modificado.

Sem ruído, claro, mas tava muito feio o audio, volume baixo e distorcido, sem definição.

Eu fiquei horas testando diversas configurações de parâmetros e nada melhorava substancialmente o som. Naquele momento eu pensei até em devolver o microfone, de tão desiludido que eu fiquei.

Só que até aquele momento eu só havia utilizado a saída digital dele e poderia ser esse um problema… e ERA MESMO!

Por sorte ele também tem saída analógica e eu tinha o iRig PRE pra usar como pré-amplificador.

Pré-Amplificador iRig PRE da IK Multimedia

E no meu caso eu utilizo o conversor AD diretamente da placa de som do Computador mesmo!

E no primeiro teste com essa nova configuração já estava bem perceptível a melhoria do audio!

Ainda não estava perfeito, mas já tava melhor que o Arcano A58 pelo menos! E sem ruído! E com essa configuração já foi possível descobrir a melhor posição do microfone para o Shure MV7 em relação à boca.

Cada microfone tem sempre uma melhor posição para capturar o audio com a melhor definição possível, sem que haja alguma distorção. E no caso do Shure MV7, ele precisa estar abaixo da sua boca, direcionado pra ela num ângulo de 45° com ao menos 5cm de distância.

Assim ele irá capturar com nitidez o movimento do ar que há envolta da sua boca. E como ele não está tão distante, ele não captura tanta reverberação do ambiente.

Fiz assim a gravação do Voice-Over, editei um pouco e enviei ao estúdio acreditando que já estaria ótimo o suficiente para o cliente.

Uma semana depois o estúdio me retorna:

“Olha, ainda está ruim para o cliente. Você não consegue mesmo alugar um estúdio por aí?”.

Fiquei bastante frustrado com a resposta. E respondi com uma pergunta direta:

“O que exatamente o cliente não está gostando no audio? Preciso de um feedback mais detalhado.”

Porque é normal numa gravação remota de voice-over ou dublagem o estúdio pedir uma revisão. Geralmente para melhorar algo específico.

Caso prefira, eu explico em vídeo também.

Duas revisões até acontecem, mas são decorrências de dicções ou problemas pontuais e sempre esclarecidos.

E eu já estava indo para a terceira gravação sem saber ao certo o que havia de errado com aquele último audio.

Então logo o cliente esclareceu ao estúdio que me enviou um e-mail dizendo:

” O Cliente alega que não há frequências graves o suficiente em suas gravações, elas não estão perceptíveis o suficiente.”

Agora com o motivo esclareceido, tentei de várias formas intensificar as frequências graves apenas modificando o audio na edição, mas não importava a maneira que eu fizesse, sempre causava distorções nos graves e que deixavam o audio ruim.

Aí concluí que eu tinha mais um problema para resolver: o meu pré-amplificador!

Ele não conseguia dar muita clareza às frequencias mais graves do microfone. Neste caso eu estava utilizando o Irig PRE 1 da IK Multimedia.

Eu precisava resolver rápido todos os problemas na gravação porque o cliente já devia estar p*** com o estúdio também.

Foi necessário assistir dezenas de vídeos no Youtube a cerca do Shure MV7 e também a cerca de Pré-Amplificadores recentes.

Conclusões:

Era necessário adiquirir o pré-amplificador iRig PRE 2 da IK Multimedia, o qual tem um circuito melhor que do iRig PRE 1 e um preço não tão alto quanto outros pré-amplificadores equivalentes em termos de ganho.

Pré-Amplificador iRig PRE 2 da IK Multimedia

E pra não correr risco nenhum de distorções nas frequências graves, eu precisaria também de um pré-amplificador de ganho fixo, com entrada FET.

Pré-Amplificador FET de ganho fixo FetHead

Esses pré-amplificadores fixos são fundamentais para que não haja distorções de ganho, porque eles são calibrados para dar o ganho máximo (em torno de 25dB), sem filtragem nenhuma das frequências audíveis e eliminando a maior quantidade possível de ruído comum, o ruído que surge no circuito mas que não faz parte do som do microfone.

Existem algumas opções no mercado de pré-amplificadores de ganho fixo com entrada FET, o mais conhecido deles é o FetHEAD.

Foi justamente esse que eu optei por comprar. Inclusive eu tenho estudado bastante esses circuitos de pré-amplificadores de ganho fixo e possivelmente num futuro breve você verá essas placas aparecendo por aqui 😉

Mas havia um último upgrade a ser feito para deixar o MV7 perfeito: A substituição da espuma dele!

Porque a espuma que vem junto com ele não traz benefício algum para prevenir os plosivos, os sons de palavras que se iniciam com “P” e “B” principalmente.

Com essa espuma o som chega muito forte ao sensor do microfone e o audio “estoura”, passa dos limites elétricos, distorcendo o sinal de um jeito que não tem como corrigir na edição.

Aí temos duas possíveis soluções: adicionar um filtro POP tradicional, aquelas argolas com tecido de meia-calça, que eu particulamente acho que chama muita atenção e não combina com qualquer estúdio ou home estúdio.

E a segunda opção que é bem melhor, é a espuma A7WS da Shure. Essa espuma foi feita para melhorar o som do microfone SM7B, mas ela serve também no MV7.

Espuma Shure A7WS

Ela vem com uns pedacinhos de velcro que você cola no microfone e esses pequenos velcros já garantem que a espuma não fique se mexendo ou caindo facilmente. E foi justamente essa que eu comprei!

Aliás, se você quiser comprar qualquer um dos itens que eu cito aqui, eu deixei links de lojas confiáveis no final deste post.

Em resumo, meu setup perfeito para o Shure MV7 ficou assim:

Som –> Espuma Shure A7WS –> Microfone Shure MV7 posicionado abaixo da boca a 45° a uma distância de 5cm –> cabo XLR –> Preamp FETHEAD –> Preamp iRig PRE 2 com ganho posicionado na metade e com Phantom Power (48V) ligado –> Entrada Mic da Placa de Som do computador com ganho digital no mínimo possível (-23,99dB no meu caso)

E para melhorar mais ainda na edição do audio eu utilizo um único Plugin compressor chamado Dynamics, o qual só é vendido num pacote com outros plugins de audio igualmente versáteis chamado Mastering Suite da Acon Digital.

Mas o Dynamics não é apenas um compressor, ele é Noise Gate, Expander e Compressor!

E é justamente essa sequência de efeitos que eu utilizo para aprimorar ainda mais o audio do MV7 e sem a necessidade de utilizar um equalizador.

Esta é a configuração dos parâmetros do Noise Gate:

Plugin Dynamics como Noise Gate

Esta é a configuração dos parâmetros do Expander:

Plugin Dynamics como Expander

Esta é a configuração dos parâmetros do Compressor:

Plugin Dynamics como Compressor

Foi essa configuração que eu utilizei no audio pela última vez e a gravação foi enfim aprovada pelo cliente.

Por isso perceba que não é só o microfone que faz a diferença.

É todo um conjunto de coisas que vai desde a espuminha e a posição do microfone até o ganho digital que existe na sua placa de som.

E caso queira adquirir algum desses itens citados, segue uma lista de recomendação com esses produtos em lojas qualificadas:

CALCULADORA DE IMPOSTOS (selecione Courier como Tipo de Envio)

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